segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A graça de Deus e a fraqueza do homem

“Pelo que sinto prazer nas fraquezas... Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Co 12.10). A profundidade das palavras de Paulo nos faz refletir sobre a relação em nosso cotidiano com nossos pontos fortes e fracos. Será que o texto mais adequado seria “Pelo que sinto prazer em meus talentos”? Embora tentadora seja essa proposta em um mundo pós-moderno, precisamos entender que os talentos e os pontos fortes podem ser grandes armadilhas que cegam e suprimem a sensibilidade e a dependência espiritual. Ambas tão necessárias no ministério pastoral.

Paulo sabia disso, e por este motivo declarou que se de algo ele buscasse a glória, seria pelas suas fraquezas e limitações. Eram nessas fraquezas e limitações que o poder de Deus se manifestaria. É em nossos pontos fracos que precisamos buscar exercitar nossa dependência de Deus e determinação em cumprir a vontade de Deus para nossas vidas.

Cristo usa não apenas os pontos fortes das pessoas, mas sim, muitas vezes, os pontos fracos. É neste momento que mais facilmente o homem opta por se tornar dependente de Deus. O ser humano com freqüência se esquece que os seus pontos fortes precisam ser apresentados e operados por Deus, porém quando em evidência estão os pontos fracos, a dependência é muito mais catalisada. Carol Stream afirma que “levar os pontos fracos a Deus é fácil. Difícil é levar os pontos fortes.”

Quando damos muita ênfase aos nossos pontos fortes nos colocamos a beira de verdadeiros “precipícios” existenciais.

Ter pontos fortes não é ser onipotente. Quando nossos pontos fortes se destacam e achamos que somos independentes e aptos ao sucesso em qualquer desafio proposto a esse talento nos esquecemos que todos possuem pontos fortes e pontos francos e que mesmo nos nossos pontos fortes, precisamos ter sabedoria e a presença de Deus em nossas empreitadas. Esse excesso de confiança nos faz atentar para outra expressão de Carol Stream: “Talento sem esforço não dura muito”. Sim, precisamos ir à busca, nos esforçar e não nos permitir cair no laço da “autoconfiança”. Somos falhos, dependentes e limitados. Nesse sentido, muitas vezes os pontos fortes podem até dificultar o nosso ministério na medida em que vamos nos achando independentes e plenamente capacitados. Nossos ministérios apenas são plenos quando aperfeiçoados pela ação da graça de Cristo em nossas vidas.

Outra questão bastante significativa é que talentos não são “dons”. Talentos constituem naquilo que fazemos com destreza, qualidade e prazer. Já o dom é um presente de Deus para a produção de frutos espirituais. Logo, há talentos, dons, limitações e fraquezas que aliados em dependência de Cristo por sua graça contribuem para um eficaz exercício ministerial.

Porém, se nos faltam os dons? O que devemos fazer? Adiar a realização dos planos de Deus em nosso tempo? Não. A obra de Deus urge! De forma alguma devemos nos esconder conformados atrás de nossas limitações e fraquezas. Aquilo que precisa ser feito, deve ser feito. Eu possuindo, ou não, o dom. Se posso lançar a mão ao arado devo trabalhar para Cristo.

Quando afirmamos que aquilo que precisa ser feito, deve ser feito, nos referimos a um tempo onde na obra de Deus há muito mais áreas que precisam ser abraçadas do que talentos e dons justamente para que, como Paulo afirmou, sobre nós repouse o poder de Cristo.

Além disso, precisamos não nos conformar com os nossos pontos fracos, mas sim buscar o fortalecimento dessas áreas deficitárias de nossa vida ministerial. Para tanto, podemos pedir avaliações sinceras aqueles em quem confiamos a fim de buscar uma reorganização de nossas ações, devemos delegar e treinar nossos irmãos a fim de que um possa suprir as falhas e fraquezas dos outros e, finalmente, podemos fazer o uso de recursos cativantes para que nossas limitações sejam supridas e finalmente a obra de Deus possa caminhar dentro da vontade divina.

É pela graça de Deus que as nossas fraquezas são tocadas, nossas limitações são sanadas e nossos ministérios são tocados pela certeza de que em Cristo somos mais do que vencedores!
Extraído de:

Um comentário:

Jakson Farias disse...

Essa reflexão é sem dúvida ungida pelo Espírito Santo.

Muito obrigado por partilhar.

Jakson R L de Farias